Isso deveria ser, então, o cenário ideal para se usar o computador como ferramenta eficiente de ensino. Mas não é o que acontece. O que se vê, mesmo entre os chamados especialistas, é uma completa falta de bom senso. E, assim, os pais e professores são, na maioria das vezes, conduzidos pela indústria dosoftware que se diz educativo e jogam em cima das crianças esses programas, que são baseados apenas nas idéias dos “teóricos educacionais” e, portanto, em sua grande maioria, de valor didático discutível. O poder do computador como ferramenta educacional é indiscutível, mas se usado com critérios. A coisa mais importante é saber o que se está colocando nas mãos das crianças, tanto em casa como na escola. Não é brincadeira. Qualquer impressão errada passada à criança nessa fase terá repercussão pelo resto de sua vida. Cuidados especiais Não adianta acreditar em tudo o que dizem os fabricantes e distribuidores desoftware. Esses farão de tudo para vender seus produtos; se terão valor educativo de fato, é outra história. Educação é uma coisa só, com ou sem tecnologia. Para educar bem, é preciso entender como funciona uma criança. Criança não é psicologicamente igual a adulto. Criança tem seu próprio ritmo, e forçá-la a tornar-se adulta antes do tempo — o que a maioria das pessoas tenta fazer — vai trazer prejuízos irreparáveis ao seu caráter, à sua capacidade intelectual e à sua maneira de ver a vida quando adulta. Um importante lembrete A presença do pai ou professor será sempre necessária no processo do aprender. O computador é apenas uma grande ferramenta auxiliar de trabalho nessa tarefa. Pai ou professor — orientando, encurtando os caminhos, usando os métodos tradicionais, incentivando brincadeiras de campo — nunca poderão ou deverão estar ausentes. A presença humana na educação é insubstituível. Sem ela, não há educação. O bom professor ensina de um modo que o aluno não percebe que está estudando, não existem as obrigações explícitas comuns do aprender, então tudo é como diversão. Assim também deve ser um software educativo. Então, como ensinar sem que o aluno perceba que está cumprindo a árdua missão de aprender alguma coisa? Resumindo tudo, como associar um rico conteúdo didático a um programa que ensine e divirta ao mesmo tempo? Quando uma brincadeira é divertida e envolvente, a criança tem prazer em praticá-la e conta as horas até que possa novamente repeti-la. Dificilmente a esquecerá, mesmo que suas regras sejam complexas. Quais seriam, então, as brincadeiras que mais agradam às crianças? Para saber disso, é preciso entender como elas vêem o mundo à sua volta. E é um mundo muito diferente daquele que os adultos vêem. Sendo bom observador, paciente e tendo interesse, o adulto pode descobri-lo, mas, enquanto isso não é feito, aqui vão algumas dicas que muito poderão ajudar na hora de escolher umsoftware educativo, ou uma atividade educativa qualquer, para seu filho ou aluno. Uma coisa muito importante: a criança é bastante exigente quanto à qualidade gráfica e estética de um programa, e isso tem influência decisiva na sua aceitabilidade. O programa pode ser o melhor do mundo em conteúdo; se não tiver boa qualidade gráfica, é bom nem tentar. Preferências infantis e partindo para a ação Criança, basicamente, gosta de explorar, de ser desafiada, de desenhar, de objetos que se movem, de música, de sons engraçados, de fantasiar as coisas, de animais engraçados, de ver como as coisas funcionam, de ver o que as outras crianças estão fazendo, de ensinar a outras crianças, de ouvir histórias, de ter a atenção de alguém mais velho, de objetos estranhos, de brincar de construir alguma coisa, de observar formas curiosas e de não ter obrigações. Aqui vamos destacar programas de dois tipos: os chamados Jogos Criativos, por serem de grande importância para esse público, e os de Desenho e Pintura.
Os programas do tipo Criatividade usam a diversão e a curiosidade natural da criança para ensinar o que é menos óbvio, embora sejam ensinamentos igualmente, ou mais, valiosos. Pela apresentação de atraentes e envolventes mundos novos, prontos para serem explorados, repletos de desafios, enigmas e jogos, esses softwares de objetivo livre ensinam as crianças a desenvolverem os conceitos básicos — da simples forma correta de se sentar à mesa a complexas soluções de problemas — de que eles, com certeza, vão precisar mais tarde, na vida. A idéia central é a de que a criança se diverte e nem nota que está aprendendo. Podemos comparar esses programas do tipo Criatividade com os “livros de atividades” repletos de figuras para desenhar e pintar e quebra-cabeças para resolver. Só que as versões do computador adicionam a isso a beleza das ilustrações cheias de cores, animações e som para torná-los ainda mais interativos e divertidos. Esses Jogos Criativos desenvolvem a capacidade de resolver problemas, o pensamento crítico e o raciocínio lógico e são indicados para uma faixa etária, na maioria, entre 3 e 8 anos e, em uns poucos casos, para 8 anos e acima. Os Jogos Criativos envolvem um grande número de atividades. Vamos destacar algumas:
Programas que ofereçam desafios não repetitivos, em que o jogador precise vencer barreiras para conquistar algum objetivo, são excelentes para desenvolver a autoconfiança e a capacidade individual de resolver problemas. Desafios muito complexos não são recomendáveis para crianças entre 3 e 7 anos, elas não gostam. Pontos positivos e negativos em softwares desse tipo por faixa etária:
Os programas de Desenho e Pintura desenvolvem a criatividade e a imaginação infantil. Esses softwares são indicados para uma faixa etária muito dinâmica, entre 4 e 14 anos, e, em uns poucos casos, de 14 anos e acima. Esse tipo de software agrada a todos sem distinção. Normalmente, meninos e meninas gostam muito. Criança gosta muito de desenhar com ou sem o computador. Através do desenho, ela exercita seu lado criativo e suas fantasias. Com os recursos gráficos e as cores abundantes que os programas de computador desse tipo oferecem, ela vai estar no paraíso. Programas que permitam desenhar, colorir, construir formas, ambientes conhecidos são muito bem aceitos e têm grande valor educativo e alta capacidade de entretenimento. Eis alguns recursos que merecem destaque nesse tipo de software: Atividades: O desejo que as crianças têm de tentar coisas novas, aliado à sua impaciência, pode rapidamente saturá-la com um software que apenas a deixe pintar e desenhar. Atividades artísticas predefinidas, tais como livros para colorir, construção de cartões e cartazes, construção de objetos ou ambientes a partir de uma galeria de formas existentes resolvem esse problema. Textos: Efeitos especiais na elaboração de textos é um diferencial importante. A maioria dos programas não oferece a possibilidade de se usar letras estilizadas com formatos gráficos especialmente elaborados para a ocasião. Animação: Slides e a possibilidade de se fazer animações com seus próprios desenhos são uma atração que agrada a todos. Ferramentas de pintura e desenho: Vários tipos de lápis, pincéis, traços de formatos variados... Quanto mais recursos desse tipo, melhor. Galeria de objetos: Galerias de objetos e formas, onde a criança pode selecionar uma figura ou cenários de fundo — como uma árvore, um animal, um objeto — e copiá-los para o seu desenho são um atrativo que deveria ser obrigatório. Isso tem um grande peso e é altamente recomendado, pois deixa a imaginação da criança fluir diante das possibilidades que ela terá diante de si para incrementar sua obra. Para finalizar, uma observação importante: nunca compre um software apenas pelo que está escrito e desenhado na embalagem, dê um jeito de testá-lo antes. Algumas lojas possuem cópias disponíveis para esse fim, e outras não testam. Se a loja não testa, procure uma que o faça para não ter surpresas desagradáveis depois. Apesar do direito do consumidor alegar que você pode trocar produtos à vontade, a loja tem obrigação apenas de trocar o software por outro igual e caso seja comprovado algum defeito de fabricação no produto.
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